29 janeiro 2007

Novo arquivo digital "revoluciona" SIC

"Uma viagem aos arquivos de uma televisão é como revolver o baú perdido no sótão de casa da avó. Traz-nos sempre à memória lembranças de acontecimentos inesquecíveis.

A SIC, apesar dos seus 14 anos de existência, tem guardado, em corredores frios, milhares de cassetes, que albergam mais de 55 mil horas de emissão, mas com tendência a desaparecerem. A aquisição de um novo sistema de arquivo (o Media Asset Management - MAM) completamente digitalizado irá potenciar uma maior rapidez no acesso aos conteúdos, bem como a preservação da qualidade do património da estação.

A SIC regista três mil horas por ano de emissão e, por isso, este "será sempre um trabalho inacabado", admite ao DN Ana Franqueira, responsável pelo arquivo dos seis canais de Carnaxide. Mas desde Março deste ano "já foram compiladas sete mil horas", garante.

Com estas alterações, este departamento passou a estar directamente envolvido na produção de conteúdos, uma vez que "controla todo o fluxo de entrada e gestão de conteúdos digitais nos servers de informação, desde que chegam até ao momento em que são conservados ou eliminados", explica Ana Franqueira.

Os benefícios irão extravasar os utilizadores da casa, porque a SIC pretende, até ao final de 2007, seguir os passos da BBC e abrir os seus arquivos ao público, disponibilizando-os online e podendo o conteúdo ser descarregado para gravação. Mas nunca poderá ser gratuito, porque "os custos de conservação e manutenção de arquivo são enormes", explica a arquivista.

Além disso, todas estas áreas novas são difíceis de gerir porque envolvem os direitos de autor, que são uma matéria "tremendamente complexa". Mas os arquivos se não forem utilizados "não têm interesse nenhum", por isso a intenção final é que "as pessoas os consultem", constata.

O sistema MAM permite arquivar não só vídeo mas também imagens, som e texto. É uma ferramenta multimedia. Para Ana Franqueira é elementar compreender que "um arquivo não é uma biblioteca, nem uma videoteca. Tem como obrigação albergar tudo o que a estação produz".

A redacção da SIC, a principal utilizadora, está a trabalhar com esta nova ferramenta desde Outubro e vive uma fase de adaptação. "Não se pode acabar de um dia para o outro com a tecnologia antiga. Vive-se agora uma fase de convivência que é necessária. A integração deste sistema foi uma revolução para nós", sintetiza a responsável por esta implementação.

No entanto, o velho sistema das cassetes é utilizado sempre que há falhas e também para pesquisar todo o material que ainda não foi compilado no formato digital. Este foi fundamental para a jornalista Sofia Pinto Coelho, que este Verão andou perdida por entre as prateleiras do arquivo para conceber o novo programa da SIC, que se estreou sábado, Perdido e Achados. Um formato de grande reportagem "recuperador" de histórias já noticiadas e que agora serão actualizadas."

Fonte:DN 20 Novembro 2006


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