07 fevereiro 2008

Processos da Inquisição de Lisboa vão ser digitalizados

Digitalização de Cinco milhões de imagens do arquivo da Inquisição

Cinco milhões de imagens do arquivo da Inquisição de Lisboa vão estar disponíveis on-line. O processo de recuperação e digitalização integral dos 17.980 processos, referentes ao período entre 1536 e 1821, ainda vai demorar cerca de três anos a estar completo, mas constitui, sem dúvida, uma boa notícia para os investigadores.
O anúncio foi feito pelo director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Silvestre Lacerda que considera que a disponibilização destes processos é uma prioridade, já que são os mais consultados e os mais procurados por investigadores nacionais e estrangeiros.
O custo do projecto foi avaliado em um milhão de euros, mais de metade financiados pela REN (Redes Energética Nacionais), o mecenas desta iniciativa.
A Inquisição, como tribunal eclesiástico, perseguiu e condenou aqueles cujas acções e convicções diferiam das leis da Igreja Católica. De acordo com o historiador António Borges Coelho, a Inquisição de Lisboa é especialmente relevante no contexto português, já que "as comunidades estrangeiras estavam sediadas em Lisboa, a liberdade de pensamento emergia mais facilmente, os livros clandestinos chegavam mais facilmente a Lisboa".
Era mais fácil encontrar na capital as principais vítimas da Inquisição: os judeus, as bruxas, os mancebos, os homossexuais, explica o historiador. "Os processos da Inquisição de Lisboa são especialmente ricos por isso."
O escritor e dramaturgo António José da Silva foi uma das vítimas do Santo Ofício. Preso e torturado pelos membros da Inquisição por ser judeu, acabou por ser queimado num auto-de-fé. Este é apenas um dos muitos processos que vão estar acessíveis a partir de qualquer computador.Para António Borges Coelho, a digitalização destes processos "é uma notícia magnífica", mas não é suficiente para reavivar na memória que "milhares de pessoas passaram pela humilhação dos autos-de-fé". E lança a questão: "Para quando uma oliveira nas praças portuguesas, em Lisboa, Évora, Coimbra, onde mais de 2000 pessoas foram queimadas por expressarem opiniões diferentes?".
Fonte: Jornal O Público
Mais uma iniciativa a seguir com atenção!!!

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